19 January, 2011

19/JAN-2011

ARQUEOLOGIA DO FUTURO

Nossa, difícil escrever pra vocês.

Tentando eu aqui dar uma elaborada a partir das diversas reflexões que tivemos, das discussões, das divergências, das poucas conclusões, dos experimentos, dos testes, das tasks, em fim.

Pensando sobre esse fim que está perto e que eu nem pude entrar direito nesse projeto.

Aqui é um possível depoimento, um apanhado geral, uma espécie de reflexão burocrática entusiasmada. Muito provavelmente estarei lendo isso agora e estarei um pouco tímida sabendo que essa terceirização de mim mesma é bastante brega.

Então pra dizer que o que se impõe desse projeto, que é antes de ser um projeto um encontro, uma oportunidade de conversar, então, o que se impõe: é o próprio encontro.

Essa confluência circunstancial, todos nós envolvidos por uma causa inútil, é pra mim o de mais precioso e preciso no momento em que estamos. Quero dizer que o fato de realmente nos disponibilizarmos a experimentar desejos, propostas, ou seja, de experimentar possíveis foi de mais de instigador.

Acho que a gente aos trancos e barrancos, como se vive ultimamente, conseguiu, sim, trocar. To change. Sem nos darmos muita conta, um pouco distraídos, fomos fazendo algo que parece dar pouco resultado e ter pouca importância, mas nós, experimentamos. Nós, meio desavisados, sem muito querer e muito querendo, pudemos disponibilizar, cada um, seus interesses; cada um seu negocinho. O que quero dizer é que nesse grupo-aglomerado-agregado colaborador, nesse encontrado que fomos pudemos trazer e levar idéias e investigações, ver em prática nos corpinhos, ver projetado na realidade várias coisas impossíveis de acontecerem a sós.

Não faço uma apologia a nós, as palavras tem esse perigo. Tento resgatar uma coisa que fica um pouco difícil de ver diante das expectativas e frustrações do dia a dia, poderia dizer então, rever.

Claro que somos pretensiosos, claro! E não é em 10 meses corridos, apertados, duros que iria sair uma contribuição imprescindível pro mundo (estou iniciando o assunto catálogo, caderno , manual). Isso leva tempo. Mas o fato de nos colocarmos numa prática desavisada de contribuições mútuas de confiança, envolvimento e comprometimento (sem ser um selo de virtudes) mas um gás real; e saber que pudemos conviver e contribuir com as idéias um dos outros sem sermos um grupo, sem nos conhecermos direito e nem tendo interesses e estéticas tão próximos assim, revela alguma coisa.

Foi uma prática de resistência a um modo operante de trabalho, e sobretudo, sobre o que se tem feito como trabalho artístico. (ultimamente esquecemos que o dito cujo nem sempre é visível, pegável, útil).

Então caros, sim, que difícil terminar ou começar a terminar com essa sensação de feito não feito. Que difícil agüentar o improdutivo, aquilo que não me deu mérito, aquilo que me escapa, aquilo que poderia ter feito, aquilo que eu não fiz. E que bom que chegamos a isso tudo, que pudemos encostar, dar uma raspadinha nesse sentimento de vazio desgostoso, de impropriedade privada, de desperdício, de mal negócio.

Que bom que gozamos do nosso direito de gozar, desse livre arbítrio que não está, desse ir e vir que desconheço mas pude dar um taste com vocês.

Que bom as tantas aberturas, eu pude estar ( falando como se eu fosse todo mundo) aqui e ali.

Enfim, construímos um modo de conversar, um repertório comum, uma afinidade, um respeito, e tem coisas foram discutidas que não vão se diluir nunca porque as palavras tem força mesmo que no ar.

Esse catálogo é um mistério temeroso daquilo que não soubemos fazer: a discussão escrita. Daquilo que não sei se queríamos ou precisaríamos fazer. Se a nossa prática de fato resultaria nisso.

Mas vamos cumprir. Proponho que cada um faça uma reflexão escrita, do modo que entender isto, para começarmos mais um mapa.

“Distraídos venceremos!”