10 October, 2010

Eu não sou eu, nem sou o outro. Sou a pele do invisível.

Arqueologia do futuro
Thelma Bonavita

Um roteiro para 5 bailarinos

Palco:
Coberto com EVA preto para 4X4 m dispostos como uma arena no centro do palco, deixando uma borda livre por toda sua volta
Microfones nos pedestais dispostos em linha a frente do palco, apoiados no linóleo.

Objetos cênicos no backstage:
01 bicicleta
01quadro –poster do movimento POP Americano
01um vaso de flor pequeno
01 caixa de lenço de papel
01 tapete de yoga,
01cadeira de design modernista
05 bambus p ginástica
03 carrinhos de brinquedos
01 apito
05 sacolas do Pão de Açucar ( sprayada de preto) contendo:
Um kit completo para um look bizarro
05 microfones com pedestal
05 números para camiseta ( tipo audição)
01 Auto- falante – tipo campo de treino militar
e outros que o grupo achar interessante agregar


Eu não sou eu, nem sou o outro. Sou a pele do invisível.

No backstage os artistas fazem um sorteio das frases do dialogo final.
Uma geral branca no palco.

Entram no palco todos os artista em fila , pela lateral da esquerda p a direita, com suas sacolas nas mãos e se colocam na tradicional formação chorus line , atrás de cada microfone disposto no palco. não encaram, não encenam, estão apenas ali dispostos , esperando passar dois minutos .

Passado dois minutos o auto falante solta um bip. Nada muda para os artistas, apenas uma música cínica começa a tocar, uma música ambiente, dessas produzidas nos anos 80 para elevadores , consultório. Um Brian Eno por exemplo, ficaria fino. O volume é baixo, tb tipo ambiente mesmo.


Passa um minuto douto bip
Eles tiram das sacolas seus números e prendem com alfinete esse número na frente de sua camiseta.
Mais um minuto outro bip
Pouco a pouco e minimamente começam a bater no ritmo da música cínica a perna direita, tirando esse movimento pelo joelho, aquele velho e bom rock style.
Eles devem começar mínimos mesmo e conforme são repetidos ganham intensidade.
Assim esse movimento começa a ganhar outras visibilidades e metáforas conforme vai sendo repetido por cada artista ali no palco.
Essa ação deve durar uns 10 minutos

Após 7 minutos outro bip
Todos saem galopando pela volta do EVA, com suas sacolas.

Este galope se torna intenso, bufam, urram , suam ( pode até ser fake – vc tira de sua sacola um “borrifador”), balançam a cabeça , estão sedentos, como os cavalos que são treinados para corridas e querem vencer mesmo.

Um bip após 10 minutos todos param.Dois números são chamados pelo auto falante, uma voz em off gravada.

Os dançarinos chamados entram na arena, e começam a tirar suas roupas, ficando apenas de roupa de baixo. Vão dobrando-as metodicamente e colocando-as ao lado de fora da arena, ao fundo, uma por cima da outra dobradas.

Colocam seu look bizarro.

Um artista do grupo pede um canhão perseguidor e este vai iluminando um depois outro .... a luz geral tb baixa sua intensidade para dar um ganho ao canhão de luz.

Assim que terminam seu look, andam pelo EVA como num desfile onde vc é o produto, o fornecedor, o vendedor e o comprador …
E buscam dentro de seu repertório, soluções para este problema.
(o canhão de luz perseguidor acompanha)

Até que alguém do grupo apita
Entram mais dois
Repetem a ação dos dois primeiros e os dois primeiros vão para um estágio mais intenso da mesma.

A pessoa que está com o apito vai tirando toda sua roupa e jogando na arena Desenvolve ritmos e intensidades, com o apito estimulando a cena que acontece dentro da arena.


Depois de 20 minutos um bip
A luz vira uma geral branca de novo

Todos vão juntos ao microfone e cantam sussurrando, cada um refrão de uma música de amor. Tentativa total de sedução. Insiste, investe ...

Neste momento a musica cínica já saiu de cena. Pode ser junto com bip para a mudança de ação.

Esta cena vai sendo desmantelada e mixada com a seguinte ação:

Pouco a pouco passam a pegar os objetos e coisas que estão no backstage e colocá-las no centro dessa arena-palco, buscando um ponto de contata e equilíbrio instável ou quase estável, entre elas.

Pegam uma pessoa do grupo como coisa tb e colocam lá sempre mantendo a mesma lógica do ponto de contato e equilíbrio instável, ou quase estável entre elas.

Usam os microfones e os pedestais, usam tudo que tem ali para usar. Vão agregando as coisas a essa pessoa, e as outras pessoas, fazendo -as segurar as coisas, se apoiarem uma nas outras, assim todas as pessoas e coisas ficam comprometidas entre si.

É necessário buscar pontos de equilíbrio realmente desafiadores mesmo que falhem. Foco nessa ação de procurar e estabelecer essa condição.

Alguma imagem ou relação entre todos deve emergir mas não é objetivo da ação nunca.

Ao chegarem ao final do uso de tudo e de todos, ficam sustentando essa situação até o auto falante dita uma ordem de números.
Segue-se um diálogo entre todos seguindo a ordem chamada.

As frases desse diálogo são:

Dance a little bit closer

Move it like this

A little bit closer

You and me can dance so free
Para parara parara parapá Para parara parara parapá huuuu!

O auto falante chama 3 ordens diferentes e os artistas cantam sua frase de acordo com seus números e na ordem ditada pelo auto-falante.

Depois das “três tentativas suflle” da letra dessa música, saem de suas posições e vão p o back stage.

Voltam para o agradecimento.