10 October, 2010

Sede de Futuro ou Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar… em dois atos.

Arqueologia do Futuro

Thelma Bonavita

Ato Um

Material: Naginodando (o jogo, clique para ver instruções) e produzir 3 textos no pretérito do futuro ou pretérito imperfeito)

Estrutura:

Uma pessoa lê o texto atrás de um pulpito, com microfone , no canto esquerdo do palco.

Um grupo de pessoas entram e naginódam a partir do texto descrito, produzem imagens que se relacionam com as imagens do texto casualmente, sem forçar a barra mas com intensidades diversas.

Repete-se esta estrutura por três vezes seguidas

Ato Dois

Material: Gesto em looping: o movimento nasce do gesto

Estrutura:

Uma pessoa entra com um gesto, realiza por uns 30 segundos

Em seguida outra pessoa entra com outro gesto mas que se relaciona a esse primeiro (seja uma réplica, seja em concordância, seja em equivalência), até que todos estejam no palco executando seu gesto em looping

Ficam juntos por 3 minutos. Saem de cena.

Repete-se esta estrutura por três vezes seguidas


Obs: O futuro do pretérito costuma ser relacionado, em livros didáticos e gramáticas normativas, às noções de hipótese, incerteza e irrealidade, enquanto o pretérito imperfeito do indicativo é definido como expressão de um passado habitual. Mas há usos do imperfeito que variam com o futuro do pretérito, como no contexto da cantiga popular: “Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar...”

Costa (1997) realizou um trabalho variacionista, numa perspectiva sincrônica, sobre formas que alternam com o futuro do pretérito no português informal no Rio de Janeiro. Foram encontradas quatro variantes, já que ao lado das formas flexionadas de imperfeito e de futuro do pretérito, houve formas em perífrase com o auxiliar ‘ir’:

– Futuro do pretérito simples (FP): mandaria

– Futuro do pretérito em perífrase (IRIA + V (infinitivo)): iria mandar

– Pretérito imperfeito simples (IMP): MANDAVA

– Pretérito imperfeito em perífrase (IA + V (infinitivo)): ia MANDAR