1 - O que é o projeto Arqueologia do Futuro - AdF pra você?
1. uma piscina de referências.
2. um campo minado.
3. um corretivo de pessoas.
4. nada mais que um ajuntamento de artistas que se uniram em torno de um conjunto de inquietações, a fim de gerar um ambiente reflexivo e lúdico.
5. um bosque nesta selva de pedra.
6. a única merda que eu tenho (mas uma merda cheirosa).
7. um lugar investigativo.
8. uma falta de norte.
9. uma grande oportunidade de realizar um trabalho instigante com pessoas provocativas.
10. ?
2 - O que a plataforma AdF esta promovendo/modificando/alterando na sua pratica artistica?
1. na manutenção e invenção de metodologias de criação.
2. investindo num modo de levantar perguntas em todo processo de criação.
3. no entendimento de que toda experiência deve e pode ser explicada e isso é tarefa para as arqueologias.
4. o AdF tem alterado
5. tem modificado
6. vem promovendo ...
7. e isso basta.
8. bastaria.
9. mas não basta. A gente quer. A gente quer mais, sempre mais, a gente quer te provocar, a gente quer te incomodar, a gente quer receber dinheiro e fazer aquilo que a gente quer fazer, a gente quer conhecer o mundo, a gente quer que o mundo nos conheça, a gente quer diversão, a gente quer. E de tanto querer. De tanto querer. Eu quero e o que eu queria mesmo?
10. Lembrar: Porquê mesmo estamos aqui?
10. Lembrete: Queria aprender a não querer, queria aprender a lidar com tantos desejos.
3 - O que representa AdF em nosso contexto pra você?
1. o Arqueologia do Futuro representa um fôlego.
2. um caminhar em suspenso
3. dentro de um contexto onde as instituições exigem que o artista faça e refaça falsas novidades. Este projeto se torna peculiarmente inventivo. Justamente por estabelecer um outro modo de se trabalhar e apresentar um produto, um produto próprio, particular, não espetacular. Mas um conjunto de pequenos espetáculos regitrados num breve catálogo que não tem medo de ser um algo inútil. Ao menos, esperamos, que seja uma boa inutilidade que nos faça refletir sobre algo/alguém/continente/espaço....!
4. este trabalho recupera o entendimento de "pesquisa" em arte.
Lembrando que algo ser "de pesquisa" não torna este trabalho mais arte.
Lembrando que nem tudo precisa ser chamado de pesquisa.
Lembrando que nem toda pesquisa resulta em peças de arte, nem tudo aquilo que se vende como arte tem pesquisa, mesmo que no seu programa diga o contrário.
5. este trabalho re-encontra uma postura do que é ser um investigador.
6. mais do que isso este trabalho assume uma postura lúdica na investigação, sem compromisso com o seu resultado espetacular. Mas com compromisso.
7. Compromisso de convivência. de criar uma peça juntos? a piece together?
8. Compromisso de não ser uma companhia. Mas compromisso em trabalhar na parceria com outros. O que é isso companheiro? Um questionar constante. Porquê você não me contou que no meio do caminho teria uma pedra?
9. Sobre o contexto: Como pensar a dança após quase 30 anos livre da ditadura? Qual a atual dança social que nossa cidade performa todos os dias?
10. Será que o artista tem de fato dimensão do contexto brasileiro-paulista da dança? Não, apenas uma visão parcial, no entanto toda visão é parcial, quando uma visão parcial se torna compartilhável e eficiente dentro de um coletivo/sociedade, torna-se realidade. ("Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, sonho que se sonha junto...").
11. o Arqueologia do Futuro representa uma retomada de fôlego, de oxigênio.
4 – O que é uma ferramenta de criação?
ver texto porquê eu não sou uma ferramenta....
questão de ferramenta. ferramenta para questão. ferramenta para questionar a questão. ferramenta para a questão da questão. ferramenta questão. ferramenta para criação. ferramenta para aproximação. ferramenta para atualização. ferramenta para experimentação. ferramenta para masturbação. ferramenta para execução. ferramenta para figuração. ferramenta para ilustração. ferramenta para expulsão. ferramenta para excreção. ferramenta para sensação. ferramenta cenográfica. ferramenta para montagem. ferramenta para procissão. ferramenta processual. ferramenta espetacular. ferramenta para especulação. ferramenta para ação. ferramenta para invenção. ferramenta para intervenção. ferramenta para instalação. ferramenta para fusão. ferramenta para ligação. ferramenta para apertão. ferramenta para pregação. ferramenta para empolgação. ferramenta para concentração. ferramenta para relaxamento. ferramenta para entorpecimento. ferramenta textual. ferramenta corporalmental. ferramenta para aconchego. ferramenta para cutucão. ferramenta para devastação. ferramenta para introdução. ferramenta para coleção. ferramenta para desejo. ferramenta dj. ferramenta para roteirização. ferramenta para instrução. ferramenta para levantamento. ferramenta para troca. ferramenta para detalhação. ferramenta para discussão. ferramenta para iluminação. ferramenta para palco. ferramenta para estúdio. ferramenta para intuição. ferramenta para abdução. ferramenta para dedução. ferramenta apriorística. ferramenta aposteriori. ferramenta brasílica. ferramenta regional. ferramenta para indentificação. ferramenta para construção. ferramenta para imposição. ferramenta de esfregão. ferramenta na contramão.
5 - qual é a metodologia para sua arqueologia?
escrever e ler. escreveu não leu.
levantar perguntas.
apresentar seu erro.
chorar com o erro.
criar outra coisa.
apresentar uma segunda coisa.
transformar.
adaptar.
ficar só.
apresentar o que se pensa quando se está só.
re-escrever uma conversa em conjunto.
escrever sozinho.
formular perguntas.
duvidar.
compartilhar e mostrar para os outros.
discutir.
modificar.
Adaptar de novo.
8- O que significa ser artista colaborador do projeto AdF?
Significa acordar pensando nisso.
Significa dormir pensando nisso.
Significa trabalhar nisso.
Significa estudar nisso.
Significa discutir isso.
Significa viajar com isso.
Significa discutir isso.
Significa exibir isso.
Significa experimentar isso.
Significa rasgar-se nisso.
Significa testar muito tudo isso.
9- qual é a diferença entre a plataforma “arqueologia do futuro” e o “everybodytoolbox” ?
1. um gerou o outro
2. um é europeu o outro brasileiro.
3. um ganha em euro o outro em real.
4. um escreve em inglês e o outro tem que escrever em inglês e em português.
5. um é open source o outro nem tanto.
6. um é modelos mais gerais o outro cria também, mas cria experimentos bem específicos.
7. um monta espetáculo o outro monta performance.
8. um é um espaço aberto para muitos artistas o outro ainda não é
9. um é funk o outro é um charme.
10. são completamente distintos na forma e no conteúdo.
11. um é o verdadeiro o outro é a cópia.
12. um é falso.
13. os dois são experimentos.
14. os dois são trocas entre pessoas.
15. os dois são divertidos.
16. os dois são úteis.
17. os dois se completam.
10- como você define sua participação enquanto colaborador-pesquisador nesta plataforma?
como aquele que trabalha em prol das atividades do grupo.
como aquele que tenta produzir.
como aquele que produz sozinho e junto.
como aquele que agrega.
como aquele que se contamina em tudo que faz na plataforma.
Como aquele que difunde.
Como aquele que confunde.
Como aquele que se confunde.
Como aquele que não entende nada.
Como aquele que complica.
Como aquele que faz tudo depois.
Como aquele que faz muita coisa desnecessária.
Como um chato.
Como aquele que quer entender palavra e a ação.
Como aquele que não se considera uma ferramenta.
Como um ocioso.
Como um trabalhador.
Como um operário.
Como um insignificante.
Como uma peça chave.
Como um agregador.
11- o que você prioriza na escrita de suas arqueologias?
a princípio eu estava priorizando tarefas e experimentos simples, mas que fossem claros e objetivos como receitas de bolo.
agora, estou tentando pensar exercícios que abram espaço para o outro criar e imaginar.
e para o futuro pretendo criar roteiros que se desdobram como um grande jogo de tabuleiro, sem tanta linearidade, mas que funciona como um hipertexto.
12- o que você acha mais relevante nesse momento do processo?
testar mais arqueologias do que fazer.
ter tempo para produzir mais textos teóricos do que discutir.
ter tempo para testar mais tarefas.
ter tempo para investir e não levantar mais tarefas.
produzir desdobramentos de tarefas já existentes.
Parar de produzir arqueologias.
Reproduzir arqueologias.
Fazer arqueologias.
Rediscutir arqueologias.
Mostrar arqueologias.
Vender arqueologias.
13- o que você pode fazer enquanto artista para melhorar a vida dos outros?
1. ampliar e tornar mais elástica a percepção do espectador/cidadão.
2. fazer com que pessoas diferentes entrem em contato com visões de mundo diferentes.
3. criar outros hábitos.
4. sustentar esses outros hábitos.
5. Cultivar outros hábitos.
6. Investir nesses hábitos.
7. Trabalhar com cultura.
8. Divulgar cultura.
9. o artista é inútil.
10. artista é o caralho.